Nas revelações de um mundo chamado "Terra dos Disfarces", recebi um convite.
Já imaginava do que se tratava; era época do baile de máscaras.
Todas as pessoas importantes daquele mundo se apresentavam.
Ninguém imaginava quem era quem embaixo de tanto disfarce.
Uma dança de socapa.
Sentiam-se livres, afinal, ninguém os identificava.
Ao abrir o convite, refleti se aquele ano eu faria parte.
Vivi dias, meses com um disfarce, sozinha em minha realeza, eu imaginava como seria andar sem máscaras pelos bosques e praças.
Uma para cada dia, cores e fantasias me enganavam com a mera percepção de ser, para muitos, a forte e brava senhorita respeitada.
Corri para escolher qual roupa usar no baile de máscaras; passei devagar, e o espelho refletiu a minha imagem.
Foi um encontro mágico comigo mesma.
Observei que nada tenho em comum com as personagens que eu me dedicava a interpretar.
Meus olhos refletiam a alma de uma jovem senhora carente, carência esta, mais sincera do que eu; meus lábios falavam nitidamente que ainda necessitava de aprovação e validação.
Meus longos cabelos cheirosos e bem tratados gritavam pela espera do verdadeiro amor, cansada de solidão.
Fui tocando cada parte do meu corpo e eu minava água; num grito de socorro minha alma em um ato libertador desejava me lavar de pinturas importunas, desnecessárias que escondiam quem eu sou.
As lágrimas me banhavam, então eu me vi realmente sem nenhuma máscara!
Decidi ir assim, vulnerável; adentrei ao salão e uma multidão espantada sussurrava: "Quem é essa? A única sem máscaras!"
Então respondi: "Me chamo a coragem de ser de verdade em um mundo que só vê vaidade.
Me apresento como realmente sou, sem as pinturas da mentira e as roupas do egoísmo; tiro os sapatos da arrogância e as luvas da manipulação.
Eu nunca fui essa fantasia que o mundo chamado 'Terra dos Disfarces' me influenciou."
Nesse momento, uma atitude transformou o baile das máscaras.
Uma a uma, as máscaras foram caindo ao chão.
Eu decidi remover todas as máscaras que me aprisionam.
Quero ter a coragem de mostrar minha vulnerabilidade enquanto todos se preocupam em qual será a próxima máscara a usar.
Contos dos meus meus mundos reais.