Por um instante, me esqueci de tudo que fizeste até aqui.
Instantes podem roubar eternidades.
Por instantes, me perdi dentro de mim.
Bastou eu silenciar os barulhos da minha alma para eu te ouvir.
Quem mais, além de ti, sabe cuidar de mim?
Por um instante, eu quis viver só; o que sobrou de mim?
Ainda que não tenha lógica, explicação ou coisa assim, eu só confio em ti.
Ali, aos 7 anos, andando no caminho para a escola, suas impressões de amor, através de uma rosa, me fizeram questionar: "Quem a fez? É tão perfeita!" Ao olhar para a imensidão dos céus, mais uma dúvida surgia: "Quem o criou tão azul assim?"
Ainda que meus dias fossem assombrados entre dores e amores em uma infância acelerada para o amadurecimento precoce, tu estavas ali a me guardar.
As vozes que me causavam medo não puderam abafar o seu amor.
Nenhum deles prevaleceu, pois eu cresci e estou aqui.
Sinto medo, insisto errando, me escondendo nos outros; você me mostra que meu esconderijo é a sua presença.
Então, um grito em meio às areias do meu recanto: "Socorro, se me vês, vem aqui?"
Em resposta, sinto o vento dizer que nunca me deixou.
O seu amor é o único que esteve em todos os momentos sem julgamentos.
Estive menina com medo, e me fizeste crescer.
Hoje, achando ser mulher formada, me deparo com a criança perdida que nunca deixei de ser.
E você? Sempre aqui.
Eu não sei viver sem você.
Em meu nome, carrego essa força: "Crescida em Deus" ou aquela que acrescenta.
Me ensina a acrescentar em cada texto, em cada vida, o seu amor.
Só assim eu serei completa.
Repito: Eu não sei viver sem ti, Pai.
Soou uma voz em meio ao caos interior, nas areias do Peró, meu recanto, mas minha morada é a sua presença, Senhor.
Assinado a mulher que é filha,
ainda menina, de um pai eterno.